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domingo, 2 de setembro de 2012

O ladrão, em João 10.10, não é o Diabo?



É preciso ter muito cuidado com alguns ensinadores que se apresentam como propagadores de “verdades ocultas”. Eles formulam teorias esdrúxulas e argumentações incongruentes, e as apresentam como “grandes descobertas” na Internet. Ao mesmo tempo que, mediante jogo de palavras, opõem-se à inspiração plenária da Bíblia (2 Tm 3.16,17, ARA) e se mostram contrários aos ministérios eclesiásticos instituídos por Deus (Ef 4.11; 1 Co 12.28) e ao culto coletivo (Mt 18.20; At 2.46), questionam tudo o que já temos aprendido.

Será que merecem crédito esses pseudo-weberuditos que questionam as já consagradas interpretações de textos da Bíblia e os ensinamentos que ouvimos desde a nossa infância? Eu, por exemplo, cresci ouvindo que, em João 10.10, Jesus se referiu ao Diabo, ao dizer: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir”. Grandes expoentes das Assembleias de Deus afirmavam isso, como Bernhard Johnson, Eurico Bergstén e Valdir Bícego. Estavam todos eles enganados?

Há um pseudo-weberudito — ou webenganador — que anda dizendo, em vídeos no YouTube e em DVDs contendo informações aterrorizantes (as quais ele chama de jornalísticas), que o ladrão, em João 10.10, não é o Diabo. Segundo ele, o povo de Deus tem sido enganado pelos pastores mercenários que só querem as ofertas e os dízimos do povo... Apresentando-se como advogado do Diabo, em um dos vídeos que ele mesmo produz, assevera que o Senhor Jesus nada fala a respeito do Inimigo no aludido versículo. Será?

Bem, os exegetas e teólogos que se prezam sabem que a Bíblia é análoga e que ela apresenta verdades de modo denotativo e conotativo. O primeiro está ligado ao sentido literal do texto; possui vínculo direto de significação (sem sentidos derivativos ou figurados) que um nome estabelece com um objeto da realidade. Mas a conotação é diferente; ela está relacionada com o sentido que uma palavra ou coisa sugere mediante o estudo dos contextos imediato, remoto, geral, referencial, literário, histórico e cultural.

Em João 10, o Senhor Jesus apresenta verdades de modo conotativo, como o próprio contexto imediato indica: “Jesus disse-lhes esta parábola” (v.6). E Ele, metaforicamente, chamou a si mesmo de o Bom Pastor (v.11) e aos seus seguidores de ovelhas: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (v.27). Quando Ele empregou o termo “ladrão”, no singular e no plural, referiu-se a quem? Ao Diabo e aos seus agentes, sem dúvida nenhuma. Isso é ponto pacífico para quem prioriza a regra áurea da Hermenêutica: “A Bíblia interpreta a própria Bíblia”.

Depois de mencionar “ladrões” (Jo 10.1,8), o Senhor Jesus estabelece um contraste entre Ele (que veio para nos dar vida com abundância) e o ladrão (que vem para roubar, matar e destruir). Ora, quem é o maior Inimigo do Senhor Jesus? Quem é “o ladrão”, e não “um ladrão”? Quem é o principal roubador, assassino e destruidor, oponente daquEle que veio para nos dar a vida eterna, à luz da analogia geral da Bíblia? Indubitavelmente, é o Diabo.

Portanto, você que é pregador, ensinador, articulista ou escritor, não dê ouvidos a esses webenganadores de plantão, que se dispõem a “reinventar a roda”. Continue afirmando, sem nenhum problema, que o ladrão, o Diabo, não vem senão a roubar, a matar e a destruir. Mas não se esqueça de dizer também que o Senhor Jesus veio para nos dar vida, e vida com abundância!


Ciro Sanches Zibordi

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