SEJA BEM VINDO, QUE A PAZ DE CRISTO REPOUSE SOBRE A SUA VIDA.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A capelania carcerária e a igreja brasileira na atualidade


A CAPELANIA CARCERÁRIA E A IGREJA BRASILEIRA NA
ATUALIDADE

 Caramuru Afonso Francisco


“Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.” (Hb.13:3).
 Falar em capelania carcerária nos dias em que vivemos não é um assunto fácil que se possa enfrentar, pois o aumento da criminalidade e da violência, fatos já previamente preditos pela Palavra de Deus para estes últimos dias da Igreja na face da terra, faz com que se veja, mesmo entre os que cristãos se dizem ser, como um contrassenso procurar o que se entende serem “benefícios” àqueles que se encontram encarcerados, máxime num país onde a impunidade atinge níveis alarmantes como é o caso do Brasil.

 No entanto, o escritor aos hebreus, quando já terminava o seu tratado, partindo para as recomendações finais aos seus leitores, que eram cristãos hebreus que se encontravam abalados na fé, diz a eles que deveriam “permanecer na caridade fraternal” (Hb.13:1), caridade fraternal, que é, a um só tempo, resultado do cumprimento do mandamento de Cristo (Rm.12:10; I Ts.4:9; I Pe.1:22) e o penúltimo estágio do desenvolvimento espiritual do cristão (II Pe.1:4-7). Pois bem, um dos pontos em que esta “caridade fraternal” se deveria manifestar era na “lembrança dos presos”.

 A expressão do autor da epístola já mostra, de início, que a evangelização dos presos é algo que precisa ser lembrado. E por quê? Porque desde os tempos em que esta epístola foi redigida, por volta dos anos 60 da nossa era, o sistema prisional já era moldado na sociedade como um “lugar de esquecimento”.
 O fato é que, embora se diga hodiernamente que uma das funções da pena seja a da reinserção do condenado ao convívio social, o sistema prisional é sempre visto como um “depósito de pessoas indesejáveis”, de um local para onde as pessoas que não se conformaram com os princípios básicos da convivência devem ser lançados, para de lá nunca mais saírem, para de lá nunca mais atormentarem
a sociedade.

 Pois é precisamente este pensamento, esta mentalidade da sociedade que o Evangelho de Cristo desafia e infirma. A existência de encarcerados precisa ser continuamente lembrada pois é o sistema prisional a maior prova de que o homem não pode salvar-se a si mesmo, de que a vida pecaminosa não termina bem e que pecar não é a opção que traga ao homem felicidade ou bem-estar. A sociedade, maculada pelo pecado, quer, sim, lançar para fora de si todos aqueles que desmentem veementemente os enganos e os ardis do
maligno, pois a presença de criminosos e as funestas consequências da vida do crime fazem com que todos percebam que viver sem Deus, desobedecer ao Senhor somente traz destruição.

 Em suma, a população carcerária, em uma dada sociedade, é a maior evidência de que o apóstolo Paulo tinha razão ao dizer que “o salário do pecado é a morte” (Rm.6:23). Esta “amnésia” extremamente conveniente para o mistério da injustiça na sociedade que leva o sistema prisional a ser esquecido por todos deve ser, sim, enfrentado pela Igreja, por este povo salvo por Cristo Jesus, que vem proclamar a Verdade, e quem deve fazê-lo é, precisamente, o trabalho específico para o tratamento destes encarcerados, ou seja, a capelania carcerária. Se o autor da epístola aos hebreus for o apóstolo Paulo, como entende a maioria dos estudiosos da Bíblia, temos, então, uma afirmação que parte de alguém que se encontrava preso (Hb.13:23,24,que são as principais evidências da autoria paulina revelam que Paulo se encontrava preso em Roma quando escreveu esta carta) e que, portanto, sabia muito bem o que significava este “esquecimento”,
inclusive da parte dos irmãos.

 E hoje não é diferente. Este “esquecimento” dos presos, sua total desconsideração enquanto agentes sociais não é algo que advenha apenas daqueles que não professam a fé cristã. A própria Igreja precisa ser “lembrada” dos presos, apesar de serem eles, no Brasil, mais de meio milhão de pessoas, ou seja, uma
população considerável que precisa ser evangelizada. Há uma grande resistência no interior da Igreja quanto ao trabalho de evangelização dos presos, tidos como pessoas “irrecuperáveis”, como pessoas “indignas” do perdão divino, como pessoas que precisam “pagar pelo que fizeram”. É, mesmo, alarmante o número de cristãos professos que é favorável à pena de morte.

 O primeiro desafio, portanto, que se apresenta à capelania carcerária é o de fazer os cristãos se lembrarem dos presos, para que, em assim fazendo, possam levar avante este imenso trabalho de ganhá-los para Cristo. Esta lembrança, como nos ensina o autor da carta aos hebreus, não é algo espontâneo, nem algo que advenha de uma vida piedosa, mas algo que deve ser estimulado, incentivado e desenvolvido nos corações dos crentes. Temos mesmo que esta resistência existente no seio da Igreja torna o trabalho de evangelização dos presos um tanto quanto diverso dos demais trabalhos existentes, inclusive de outras capelanias. No tocante aos presos, vemos, com grande clareza, que há muito menos obstáculo de evangelização do que com relação a outros grupos. Senão vejamos.

 Os encarcerados são pessoas que estão a experimentar a realidade do mundo injusto e pecaminoso em que vivemos. Uma vez no sistema prisional, estão a vivenciar, já na terra, o que é o “inferno”, pois, via de regra, é assim que eles mesmos descrevem a situação em que se encontram, até porque as condições de sobrevivência nos presídios são as piores possíveis, o que, inclusive, foi admitido recentemente pelo próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que foi franco ao dizer que, se fosse condenado a uma pena privativa de liberdade, preferia a morte a cumprir a sanção que lhe fosse imposta.

 Ora, é precisamente por causa disto que os encarcerados são um grupo em que a evangelização não precisará superar o obstáculo do engano e da mentira decorrentes do ilusionismo com o qual o inimigo de nossas almas mantém a cegueira espiritual dos incrédulos (cfr. II Co.4:3,4). Bem ao contrário, tais encarcerados, ao caírem no sistema prisional, percebem a hipocrisia e a falácia da sociedade pecaminosa que, tendo prometido prazer, poder e dinheiro aos criminosos, é a primeira a esquecê-los e a culpá-
los, uma vez tendo eles sido condenados pelo sistema judicial, pondo-os em condições sub-humanas e extremamente indignas, sem qualquer perspectiva de futuro. Uma vez confrontados com a realidade do pecado e da mentira, os encarcerados tornam-se, assim, muito mais propícios a receber a mensagem
do Evangelho e a verem em Cristo a sua única esperança de restauração.

 Mas,é precisamente para este grupo mais receptivo à mensagem do Evangelho que se levanta uma rejeição por parte da própria Igreja, rejeição esta que faz com que o estigma criado junto aos criminosos pelos demais homens, a começar do primeiro criminoso da história, Caim (Gn.4:15), gere nos próprios presos um sentimento de baixa autoestima (Gn.4:13,14), que, se não for devidamente tratada pela Palavra de Deus, porá esta maior receptividade a se perder. Assim, a capelania carcerária precisa lutar mais contra a rejeição por parte da própria Igreja do que com a rejeição por parte dos presos em seu trabalho. Esta “lembrança dos presos” recomendada pelo autor da carta foi vivenciada por ninguém mais, ninguém menos que o próprio Cristo. A primeira personagem que a Bíblia aponta como estando no Paraíso é, precisamente, um criminoso, um encarcerado que estava sendo executado, visto que condenado à morte: o ladrão da cruz (Lc.23:40-43). O primeiro “canonizado” foi, pois, um encarcerado, um condenado, prova de que, como imitadores de Jesus (I Co.11:1), não podemos, mesmo, deixar de “lembrar dos presos”. Mas, além da “lembrança dos presos”, que já se apresenta como um grande desafio para o trabalho da capelania carcerária, o escritor aos hebreus também mostra que deve haver, após esta lembrança, o sentimento de compaixão: “ como se estivésseis presos com eles”.

 Não basta nos lembrarmos dos presos, mas temos de assumir a sua posição, de nos colocar no lugar deles, pois isto é que é compaixão, palavra que significa “sentir o que o outro está sentindo”.  O exercício da compaixão está num dos mais importantes aspectos do ministério de Jesus Cristo que, ao Se fazer homem, demonstra Seu propósito de assumir o lugar do pecador, de sentir exatamente o que o homem sentia. Em Seu ministério terreno, Jesus sempre Se esmerou em ter compaixão pelo ser humano e, por causa disto, supriu as suas necessidades, como a cura de enfermidades (Mt.14:14) ou a satisfação da fome (Mc.8:2).

 Não há como se fazer uma bíblica e evangélica capelania carcerária se não houver tal exercício de compaixão, em que nos ponhamos no lugar do preso e verifiquemos que, diante das circunstâncias de vida daquele encarcerado, se não faríamos o mesmo ou até pior do que ele fez. Em nossa experiência, durante quase dez anos, como juiz de execução criminal, com encontro frequente com condenados, chegamos, muitas vezes, à conclusão de que, por muitas vezes, se tivéssemos tido a formação, os valores e princípios que tiveram muitos dos que se achavam atrás das grades, não teríamos feito o que eles fizeram para ser presos e condenados, teríamos feito coisas muito piores. Neste exercício da compaixão, notaremos sempre que os encarcerados, os criminosos, os delinquentes não são melhores do que aqueles que se encontram na sociedade como “homens de bem”. Na verdade, todos somos pecadores e precisamos igualmente da misericórdia divina e da salvação em Cristo Jesus. As Escrituras são explícitas ao mostrar que todos somos pecadores e estamos destituídos da glória de Deus, sem qualquer exceção (Rm.3:23; 5:12).

 A capelania carcerária, portanto, apresenta-se como um segmento da Igreja que faz com que os salvos entendam a sua real situação enquanto seres humanos, sendo um importante antídoto contra o desenvolvimento da soberba e da vaidade, que tanto mal causam aos que um dia encontram a salvação na pessoa benditado Senhor Jesus. Por fim, cabe-nos verificar que a capelania carcerária se apresenta, nesta difícil quadra da vida da Igreja no Brasil, como um segmento que terá de levar uma grande responsabilidade sobre seus ombros nos próximos anos. Estamos vendo, em nosso país, uma avassaladora implantação de um projeto anticristão que tem, por objetivo, o cerceamento da liberdade religiosa, a fim de tornar o exercício desta liberdade pública como uma alternativa meramente privada e doméstica e, assim mesmo, sujeita a múltiplas restrições.

 Recentemente, numa decisão extremamente preocupante, a Justiça estadual fluminense proibiu a pregação do Evangelho nos trens urbanos do Rio de Janeiro, fazendo cessar assim uma das mais tradicionais e antigas formas de evangelização na segunda metrópole brasileira. Pois bem, num instante em que se quer reduzir a liberdade religiosa ao extremo, a assistência religiosa aos encarcerados é um elemento que os governantes, mesmo que queiram, não podem abrir mão, pois tal serviço tem sido, reconhecidamente, um dos fatores que tem impedido a total derrocada do sistema prisional brasileiro.

 O aumento da criminalidade e da violência e a impunidade crescentes têm levado as autoridades a, mesmo a contragosto, levar em conta os reclamos populares para um endurecimento da legislação penal, que tem como consequência o aumento da população carcerária. Ora, ante as condições péssimas do sistema prisional e o total descontrole que o Estado tem para com este sistema, exige que as autoridades tenham de suportar e até prestigiar o trabalho de assistência religiosa nos estabelecimentos prisionais. Deste modo, percebemos, claramente, que será a capelania carcerária a única área de atuação da Igreja que ficará livre desta política de cerceamento, fazendo deste serviço do Reino de Deus aquele que permitirá a mitigação
e a manutenção da liberdade religiosa em nosso país. Assim, caberá à capelania carcerária o trabalho de impedir o sufocamento da pregação do Evangelho no Brasil, mais um desafio que terá de contar com a consagração e a busca de mais íntima comunhão com o Espírito Santo por parte daqueles que foram vocacionados para esta obra.

 Que o Senhor nos abençoe e que nos lembremos dos presos, que tenhamos dele compaixão e que nos unamos na sua evangelização, pois só assim o Evangelho poderá ser mantido um tanto quanto livre neste terra iluminada pelo Cruzeiro do Sul.

* Resumo de ministração da palavra no momento devocional da 3ª Reunião do Comitê Organizador de um Fórum Nacional de Assistência Religiosa aos Presos, promovido pelo Conselho de Capelania da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) em 11 de junho de 2013, na sede da Sociedade Bíblica do Brasil em São Paulo/SP.

** Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Lições Bíblicas: 3º Trimestre de 2013 - “Filipenses – A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja”.

Tema: Filipenses - a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja
FIQUE POR DENTRO DO TEMA DA REVISTA EBD JOVENS E ADULTOS 3° TRIMESTRE 2013 CPAD  
Comentarista: Pr. Elienai Cabral
Eis o título das lições:

Lição 1: Paulo e a igreja de Filipos.
Lição 2: Esperança em meio a adversidade. 
Lição 3: O comportamento dos Salvos em Cristo. 
Lição 4: Jesus o modelo ideal da humanidade.
Lição 5: As virtudes dos Salvos em Cristo.
Lição 6: A fidelidade dos Obreiros do Senhor.
Lição 7: A atualidade dos conselhos Paulinos. 
Lição 8: A suprema aspiração do crente. 
Lição 9: Confrontando os inimigos da cruz de Cristo.
Lição 10: A alegria dos Salvos em Cristo.
Lição 11: Uma vida cristã equilibrada.
Lição 12: A reciprocidade do amor cristão.
Lição 13: O sacrifício que agrada a Deus.

A CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus) divulgou recentemente o tema que será abordado nas Escolas Dominicais de todo o país que utilizam a sua revista, para o 3º Trimestre de 2013. Trata-se da Carta de Paulo aos Filipenses. o subtítulo escolhido foi: "A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja" 

A escolha do tema reflete a perspectiva que a CPAD vem adotando já há algum tempo de anualmente estudar um livro ou assunto relacionado ao Antigo Testamento e outro ao Novo Testamento, deixando os dois trimestres restantes para assuntos com temática mais abrangente. 

Fico feliz pela escolha do livro de Filipenses, carta escrita por Paulo quando estava aguardando julgamento em prisão domiciliar, e que, apesar de tais circunstâncias é chamada por Eugene Peterson de "a carta mais alegre de Paulo". Nela, aprendemos a partir do exemplo de Cristo o valor da humildade e a verdadeira base da alegria cristã. Que nos legremos durante este trimestre! 

Vale a pena lembrar que o 3º Trimestre na EBD começa no dia 7 de Julho e estende-se até o dia 29 de setembro.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

QUE VALOR TEM A VIDA HUMANA NO BRASIL?




QUE VALOR TEM A VIDA HUMANA NO BRASIL?
Ciro Sanches Zibordi

Há 16 anos — mais precisamente no dia 20 de abril de 1997 —, o índio Galdino Jesus dos Santos foi queimado vivo em uma parada de ônibus, em Brasília-DF. Esse crime bárbaro, que chocou todo o país, ocorreu um dia após a comemoração do dia do Índio e até hoje recebe destaque na grande mídia. Mais uma vez, porém, a impunidade triunfou, uma vez que os criminosos ficaram pouco tempo na cadeia e com muitas regalias.

Tenho grande respeito pelos índios, não apenas por causa de sua história de sofrimento — decorrente da exploração perpetrada pelos europeus —, mas sobretudo porque eles são seres humanos. Por outro lado, fico incomodado quando vejo a grande mídia fazendo acepção de pessoas e, sob a égide da defesa das minorias, querendo sugerir, ainda que de modo tácito, que a vida de um índio (ou de qualquer integrante de um grupo minoritário) é mais valiosa do que a de outrem.

Ontem, por exemplo, uma dentista foi queimada viva, em seu consultório, em São Bernardo do Campo-SP, porque tinha apenas R$ 30,00 em sua conta bancária! Mas não vemos indignação na grande mídia, no meio artístico, entre os pretensos ativistas de direitos humanos e os formadores de opinião. Por quê?

Porventura, a vida daquele índio valia mais que a vida da profissional mencionada? Por acaso, os mauricinhos que incendiaram aquele índio tiveram uma motivação mais torpe ou fútil? Não me oponho ao fato de a imprensa fazer alarde quanto a assassinatos e atos violentos motivados por preconceito, racismo e intolerância religiosa. Mas, e os outros homicídios igualmente dolosos que acontecem diariamente? Por que não geram tanta indignação?

Ora, não existe motivação menos ou mais torpe quando se mata cruel e intencionalmente! Quem queima um índio só porque é índio e quem incendeia uma dentista só porque não tem dinheiro são assassinos cruéis, ainda que se queira divagar sobre a diferença entre motivação e motivação.

A pergunta que fica é: Qual é o valor da vida humana, seja esta de um branco, negro, índio, homem, mulher, criança, adolescente, adulto, heterossexual, homossexual, ateu, católico, evangélico, etc.? Neste país, as minorias e as maiorias — isto é, a maior parte do povo brasileiro — não têm segurança, tampouco a sensação de segurança. O medo se instalou na sociedade, visto que aqui se mata por motivos abaixo da linha da banalidade.

Basta discutir com alguém no trânsito para levar um tiro. Aliás, basta trafegar pelas ruas e avenidas para ir ao encontro de uma bala perdida! Até quando assistiremos a tudo isso de modo impassível?

Ciro Sanches Zibordi

domingo, 21 de abril de 2013


Há salvação fora do cristianismo?

Como interpretar João 10.16:
Há salvação fora do cristianismo?

Todos os salvos têm a certeza da salvação porque creram no Senhor Jesus e se arrependeram de seus pecados (Jo 3.16 e Rm 10.9,10). Mas, o que o Mestre quis dizer em João 10.16, ao mencionar “outras ovelhas”, de outro aprisco? Estaria Ele aludindo à salvação fora do cristianismo? Haveria, a partir dessa passagem, uma abertura para acreditarmos que muçulmanos, budistas, espíritas, etc. poderão ser salvos, mesmo permanecendo nessas religiões?

Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5 e At 4.12). Qualquer religioso, ao se converter de verdade, passa a trilhar o único caminho para a salvação (Jo 14.6), visto que é impossível receber a Cristo como Salvador e continuar abraçando a reencarnação ou outras doutrinas anticristãs. A quem, pois, o Mestre se referiu em João 10.16? Alguns estudiosos argumentam que as “outras ovelhas” seriam os judeus helenistas, dispersos pelo mundo. Mas o próprio Evangelho de João mostra que o Mestre se referiu aos salvos do mundo todo. Considerando que, em João, o Senhor afirma que a mensagem de salvação é para o mundo inteiro (1.10 e 12.32), as “outras ovelhas” seriam judeus e gentios, indistintamente (7.35-39). Aliás, nesse mesmo Evangelho, o Senhor Jesus é chamado textualmente de “o Salvador mundo” (4.42).

Não existe salvação fora de Cristo e, consequentemente, do verdadeiro cristianismo, posto que este é formado por indivíduos que obedecem àquEle. Ao dizer “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”, o Senhor se referiu, à luz do Novo Testamento, ao resultado da Grande Comissão (Mt 28.19 e Mc 16.15), que teria início após sua morte e sua ressurreição (Jo 11.46-52; 17.20-23). Aliás, no próprio capítulo 10 de João, o Senhor Jesus asseveou: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo” (v9 – ARA).

Diante do exposto, a resposta bíblica à pergunta em apreço é a seguinte: as condições para se obter a salvação em Cristo Jesus — que se dá exclusivamente pela sua graça (Tt 2.11) — são duas: arrependimento e fé, as quais estão casadas (Mc 1.15 e At 2.38ss). O infrator crucificado ao lado de Jesus, por exemplo, não era evangélico, mas, ao arrepender-se de seus pecados e crer no Salvador, ouviu deste a seguinte promessa: “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).

Ser evangélico não é uma condição para ser salvo. Mas pertencer a uma igreja evangélica — compromissada com a Palavra de Deus, que ama o próximo, prega o Evangelho e obedece à sã doutrina — em geral indica que houve conversão (At 3.19). Por outro lado, diferentemente do que assevera o papa Bento XVI, a salvação não é exclusividade de uma religião pretensamente cristã, como o catolicismo. Religião alguma pode salvar alguém (Ef 2.8-10). Pertencemos a uma igreja porque temos a necessidade de cultuar a Deus de modo coletivo, desfrutar de comunhão e aprender uns com os outros etc. 

Ciro Sanches Zibordi
Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz de março de 2013