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sexta-feira, 26 de abril de 2013

QUE VALOR TEM A VIDA HUMANA NO BRASIL?




QUE VALOR TEM A VIDA HUMANA NO BRASIL?
Ciro Sanches Zibordi

Há 16 anos — mais precisamente no dia 20 de abril de 1997 —, o índio Galdino Jesus dos Santos foi queimado vivo em uma parada de ônibus, em Brasília-DF. Esse crime bárbaro, que chocou todo o país, ocorreu um dia após a comemoração do dia do Índio e até hoje recebe destaque na grande mídia. Mais uma vez, porém, a impunidade triunfou, uma vez que os criminosos ficaram pouco tempo na cadeia e com muitas regalias.

Tenho grande respeito pelos índios, não apenas por causa de sua história de sofrimento — decorrente da exploração perpetrada pelos europeus —, mas sobretudo porque eles são seres humanos. Por outro lado, fico incomodado quando vejo a grande mídia fazendo acepção de pessoas e, sob a égide da defesa das minorias, querendo sugerir, ainda que de modo tácito, que a vida de um índio (ou de qualquer integrante de um grupo minoritário) é mais valiosa do que a de outrem.

Ontem, por exemplo, uma dentista foi queimada viva, em seu consultório, em São Bernardo do Campo-SP, porque tinha apenas R$ 30,00 em sua conta bancária! Mas não vemos indignação na grande mídia, no meio artístico, entre os pretensos ativistas de direitos humanos e os formadores de opinião. Por quê?

Porventura, a vida daquele índio valia mais que a vida da profissional mencionada? Por acaso, os mauricinhos que incendiaram aquele índio tiveram uma motivação mais torpe ou fútil? Não me oponho ao fato de a imprensa fazer alarde quanto a assassinatos e atos violentos motivados por preconceito, racismo e intolerância religiosa. Mas, e os outros homicídios igualmente dolosos que acontecem diariamente? Por que não geram tanta indignação?

Ora, não existe motivação menos ou mais torpe quando se mata cruel e intencionalmente! Quem queima um índio só porque é índio e quem incendeia uma dentista só porque não tem dinheiro são assassinos cruéis, ainda que se queira divagar sobre a diferença entre motivação e motivação.

A pergunta que fica é: Qual é o valor da vida humana, seja esta de um branco, negro, índio, homem, mulher, criança, adolescente, adulto, heterossexual, homossexual, ateu, católico, evangélico, etc.? Neste país, as minorias e as maiorias — isto é, a maior parte do povo brasileiro — não têm segurança, tampouco a sensação de segurança. O medo se instalou na sociedade, visto que aqui se mata por motivos abaixo da linha da banalidade.

Basta discutir com alguém no trânsito para levar um tiro. Aliás, basta trafegar pelas ruas e avenidas para ir ao encontro de uma bala perdida! Até quando assistiremos a tudo isso de modo impassível?

Ciro Sanches Zibordi

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