SEJA BEM VINDO, QUE A PAZ DE CRISTO REPOUSE SOBRE A SUA VIDA.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cuidado com os milagreiros que usam óleo para enganar o povo de Deus



Na sequência acima — extraída de um vídeo que certo milagreiro divulga em seu site — vemos um exemplo de como agem alguns enganadores do nosso tempo, homens capazes de fazer qualquer coisa para obter dinheiro e fama (2 Pe 2.1-3; 1 Tm 6.9,10; 2 Co 2.17). Observe como o ilusionista alcança o seu objetivo, contando com grande quantidade de óleo, habilidade com as mãos e credulidade cega do povo de Deus (Os 4.6).

1) O milagreiro pede para seu auxiliar derramar bastante óleo sobre uma suposta portadora de cisto no ovário.

2) Valendo-se de truque (falo com conhecimento de causa), ele esconde e molda um artefato debaixo de sua mão.

3) Como se vê na foto, o artefato não sai da pessoa; já estava na mão do ilusionista.

(4) O ilusionista exibe o pretenso sisto, ao som de glórias a Deus e aleluias. Para examinar o vídeo no YouTube, digite
“mulher curada cisto no ovario” no campo de procura (search). 

O Novo Testamento não proíbe o uso de azeite. De acordo com a Palavra de Deus, a unção com óleo pode ser aplicada (Mc 6.13), mas pelos presbíteros da igreja (Tg 5.14). E é bom observar que o recebimento da cura não está relacionado com a unção, e sim com a oração da fé, em nome do Senhor: “E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (v.15). Nesse caso, o azeite, além de símbolo do Espírito Santo (Zc 4.3-6), é o ponto de contato para estimular a fé do doente. O que passar disso é misticismo.



O Senhor Jesus curou muitas pessoas (Mt 8.16-17). Os apóstolos também, em nome do Senhor, fizeram obras extraordinárias (At 5.15-16; 19.11-12). Contudo, não há apoio bíblico para as operações estranhas, mediante uso de azeite ou algum tipo de óleo, as quais vêm ocorrendo em nossos dias. Certos milagreiros têm esfregado óleo no suposto local da enfermidade, para depois “extrair” objetos. Essas “operações” têm gerado muita confusão no meio do povo de Deus.

Nos tempos bíblicos, o azeite só era empregado diretamente nas feridas como remédio (Is 1.6; Lc 10.34).Hoje, a unção para os doentes é apenas simbólica. Não deve ser aplicada no local da enfermidade. Imagine se a enfermidade de alguém é alguma parte íntima! Ademais, extrair objetos do corpo das pessoas tem muito mais semelhança com as cirurgias mediúnicas do que com a manifestação de Deus.

A despeito de muitos milagreiros e os seus defensores recorrerem a versículos bíblicos isolados para se justificarem perante o povo, não vemos na Bíblia apoio consistente às suas estranhas práticas. Não devemos aceitar como sendo da parte de Deus qualquer operação prodigiosa, pois a própria Palavra do Senhor nos manda testar, examinar, julgar, provar o que ouvimos, vemos e sentimos (At 17.11; 1Ts 5.21; 1Co 14.29 e 1Jo 4.1).
Alguém argumentará: “Jesus não untou os olhos de um cego com lodo feito com a sua saliva? Não devemos restringir os métodos de curar”. Isso é verdade, mas o Senhor Jesus fazia coisas surpreendes, numa prova de que era Deus verdadeiramente agindo. Os milagreiros da atualidade valem-se de práticas viciosas, repetitivas, previamente ensaiadas, iludindo o povo de Deus e tendo apoio, em muitos casos, da operação do erro (2 Ts 2.9).

“E quanto aos dons de curar?”, alguém perguntará. Ora, estes se referem à manifestação multiforme do Espírito Santo para curar, e não às invencionices dos criativos milagreiros. Deus age como quer, mas é Ele que age.Quanto aos milagreiros, eles fazem um show, engenhosamente planejado e previsível. Não há nada de surpreendente. Ademais, não se vê nesses shows paralíticos andarem, cegos verem, etc. Só se vê vômitos, ilusionismo e fenômenos que também ocorrem entre espíritas, budistas, católicos carismáticos, etc.


Para a sua Igreja, o Senhor Jesus disse: “... porão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.18). E a imposição de mãos, como vimos, pode incluir a unção com óleo. Esta, no entanto, não é a condição primacial para a cura, que ocorre por meio da fé (Lc 8.48; 17.19). Qual dos apóstolos precisou de azeite para levantar os enfermos? Já pensou se Pedro tivesse dito ao coxo junto à porta Formosa: “Jesus te cura depois; agora, estou sem azeite para ungi-lo”?!

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Jesus e a BMW



Muitos estão indignados com um vídeo publicado no YouTube em que uma cantora gospel (filha do líder de uma grande igreja de Belo Horizonte-MG) e seu marido fazem afirmações fúteis a respeito do Senhor Jesus e seu ministério terreno. O rapaz chega a afirmar que o jumento montado por Jesus era uma espécie de BMW da época, e que Ele só teria nascido numa estrebaria porque não havia vagas nos hotéis!

Há uns vinte anos, mais ou menos, os pastores que priorizavam as riquezas eram duramente criticados. Hoje, líderes de grandes ministérios e seus célebres familiares — o nepotismo eclesiástico também se banalizou, nesses tempos pós-modernos — dizem, sem nenhum constrangimento, que Jesus era rico e desfrutou do bom e do melhor neste mundo. E ai dos que discordarem! Serão tachados de miseráveis, frustrados, invejosos... Isso para dizer o mínimo, pois os fãs de celebridades (que não são, evidentemente, seguidores de Jesus) costumam chamar os críticos dos seus ídolos de filhos da... (piii) ou mandá-los para p... (piii) que p... (piii), etc.

Nota-se que o jovem casal mencionado tem aprendido com quem bebeu nas fontes escuras e turvas da teologia da prosperidade. Sua “visão de Reino” é a mesma de famosos telepregadores do mercantilismo da fé, como Kenneth Copeland, Frederick Price, Benny Hinn, Morris Cerullo, Mike Murdock e John Avanzini. Todos estes asseveram que Jesus usava roupas da moda (de corte especial, sem costura), tinha uma ótima casa, grande o bastante para receber os seus discípulos. Price, inclusive, afirma que dirige um Rolls Royce porque está seguindo os passos do Mestre. Para esses telemilionários, o Senhor tinha um tesoureiro porque seu ministério arrecadava muito dinheiro!

Um único versículo bíblico colocaria por terra todas as aludidas invencionices a respeito de Jesus: Mateus 8.20. Aqui, o Senhor afirma: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20). Mas é bom observar a profecia de Zacarias 9.9 acerca da entrada triunfal do Rei em Jerusalém. Ao montar em um jumentinho, Jesus demonstrou a sua humilidade e a sua pobreza (2 Co 8.9; Fp 2.5-8).

Alguém poderá argumentar: “Na Bíblia não há promessa de prosperidade ao povo de Deus?” Sim. Mas a prosperidade bíblica não é reducionista; sua ênfase não recai no materialismo. A palavra “prosperidade”, do latim prosperus, significa “feliz, ditoso, florescente”. E, nesse sentido, a Palavra de Deus afirma: “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano. Os que estão plantados na Casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes” (Sl 92.12-14).

Segundo a Bíblia, florescer como uma árvore significa prosperar em todos os sentidos (Sl 1.1-3) e dar muito fruto (Jo 15.1-5). Ora, uma árvore não cresce apenas para cima ou para os lados; cresce também para baixo; tem raízes. Essa é a prosperidade que o Senhor quer dar aos seus filhos: um crescimento em todas as direções. É um grande engano encarar a prosperidade material como um fim em si mesmo (Mt 6.33).

Por que a teologia da prosperidade faz tanto sucesso, atrai multidões e encontra pronta aceitação no coração das pessoas? Porque os seus propagadores, à semelhança dos falsos profetas de Israel, descobriram a mensagem que o povo quer ouvir! Em Ezequiel 13.10-19, está escrito: “andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz [...] os profetas de Israel que profetizam de Jerusalém e veem para ela visão de paz, não havendo paz [...] Vós me profanastes entre o meu povo [...] mentindo, assim, ao meu povo que escuta a mentira”.

Os telepregadores da prosperidade mandam os crentes repreenderem o demônio da miséria e determinarem a sua prosperidade. Mas, em Romanos 15.26, está escrito: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”. Observe que o texto menciona uma coleta para ajudar pobres dentre os santos. Não seria mais fácil para Paulo repreender o demônio da pobreza?

Jesus nunca falou dos perigos de ser pobre. Mas, por inúmeras vezes, discorreu sobre os perigos de ser rico (Mt 6.19-21; Lc 12.16-21, etc.). Em 1 Timóteo 6.8-10, encontramos as razões pelas quais alguém abandona o verdadeiro Evangelho para seguir a teologia da prosperidade: falta de contentamento, priorização das riquezas, amor ao dinheiro. Em Eclesiastes 5.10, também está escrito: “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade”.

É pecado ser rico? Não. Mas é perigoso. Isso porque a sensação — apenas a sensação — de que a riqueza coloca alguém numa posição superior em relação às pessoas pobres torna o crente um alvo fácil do Inimigo (1 Tm 2.9). Há uma grande probabilidade de os ricos se ensoberbecerem e se tornarem avarentos, desprezando os pobres e perdendo, com isso, a comunhão com Deus (Tg 2.9).

Quem não se contenta com o que possui, priorizando a busca de riquezas e o amor ao dinheiro, é capaz de fazer qualquer coisa para ganhar mais e mais dinheiro, até mesmo mercadejar a Palavra de Deus (2 Co 2.17, ARA). A avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5.5), e nenhum idólatra entrará no Reino de Deus (1 Co 5.11; Ap 21.8). O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.

O dinheiro, em si, é necessário para a nossa manutenção. Contudo, existe o perigo de o chamado “vil metal” ocupar o primeiro lugar em nosso viver. E isso tem acontecido na vida de alguns líderes e pregadores, que, pelo dinheiro, são capazes até de negar “o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” (2 Pe 2.1).

De acordo com a Palavra de Deus, os falsos mestres, cuja motivação é o dinheiro, são capazes de fazer, por avareza, “negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2 Pe 2.3). E não é isso que vemos em nossos dias? Os falsos mestres estão por aí vendendo as suas “indulgências”, pregando um evangelho falso, centrado no “ter”.

Que Deus nos guarde! Façamos a sábia oração de Agur: “não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus” (Pv 30.7-9).

Não ambicionemos, pois, as coisas altas (Rm 12.16). Não tenhamos como referenciais as celebridades gospel, pois elas, em sua maioria, não têm compromisso com a Palavra de Deus. Sigamos o conselho da Palavra do Senhor: “Sejam os vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13.5). E ainda: “Aquele que tem o olho mau corre atrás das riquezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a pobreza” (Pv 28.22).

Quantos podem dizer “amém”?


Ciro Sanches Zibordi

domingo, 22 de julho de 2012

Ecumenismo religioso: uma armadilha de Satanás



Assistiu ao vídeo acima? Agora, leia o artigo que escrevi para o jornal Mensageiro da Paz de março de 2012.

Ecumenismo religioso: uma armadilha do Diabo


Houve um tempo em que o ecumenismo religioso era considerado um grande perigo para as igrejas cristãs. Pastores verberavam contra ele. E qualquer comunhão ecumênica entre evangélicos, católicos romanos e espíritas era inimaginável. Mas os tempos mudaram. Hoje, o relacionamento entre padres galãs e celebridades gospel é tão bom que estas até fornecem suas composições àqueles. Certa cantora gospel, inclusive, fez uma canção dedicada a Maria. Juntos, romanistas e evangélicos participam de shows ecumênicos e programas de auditório. “O que nos une é muito maior do que o que nos divide”, argumentam.


O ecumenismo — gr. oikoumenikós, “aberto para o mundo inteiro” — prega a tolerância à diversidade religiosa e a oposição a quem defende uma verdade exclusiva. Trata-se de uma armadilha de Satanás, com o objetivo de calar os pregadores da Palavra de Deus. Ele se baseia no princípio “democrático” de que cada pessoa possui a sua verdade. Mas o Senhor asseverou que não existe unidade motivada pelo amor divorciada da verdade da Palavra: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. [...] Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14.15-24).


Causa estranheza o fato de uma parte do evangelicalismo moderno considerar o ecumenismo religioso biblicamente aceitável. Já ouço pastores dizendo: “A doutrina bíblica divide. É o amor que nos une. A igreja deve ser inclusiva”. A despeito de o Senhor Jesus ter afirmado: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6), está crescendo no meio evangélico a simpatia pelo movimento ecumênico. Nos Estados Unidos, pastores renomados deixaram de falar de Jesus com clareza. Pregam sobre Deus de maneira generalizante, a fim de não ofenderem romanistas, muçulmanos, budistas etc. E, no Brasil, alguns acontecimentos têm preocupado aqueles que ainda preservam a sã doutrina.


Recentemente, um conhecido pastor realizou — dentro de um templo evangélico! — um culto ecumênico juntamente com a liderança da Igreja da Unificação, do “reverendo” coreano Sun Myung Moon. “Qual é o problema de um pastor de renome ter amizade com o líder de uma seita? Afinal, todos devem se unir pela paz mundial”, alguém poderá dizer. Não devemos, de fato, odiar o “reverendo” Moon. Mas, como ter comunhão com alguém que, de modo blasfemo, desdenha do sangue derramado pelo Cordeiro de Deus, considerando-o insuficiente para nos purificar de todo o pecado? Moon também se considera um novo Messias que precisou vir ao mundo para concluir a obra que o Senhor não conseguiu realizar. Que blasfêmia! A Palavra de Deus não aprova esse tipo de aliança (2Co 6.14-18).


Outro exemplo de ecumenismo religioso é o envolvimento de pastores com o unicismo, uma seita que diz ter a “voz da verdade” e vem tendo livre acesso, através de suas celebridades, às igrejas evangélicas. O pentecostalismo da unicidade é herético, visto que se opõe à doutrina da Trindade, a base das principais doutrinas cristãs. Quem se opõe à tripessoalidade divina (confundindo-a com o triteísmo) nega não apenas a teologia, mas também a própria Bíblia (Gn 1.26 e Jo 14.23), o cristianismo (Mt 28.19 e 2Co 13.13), a deidade do Espírito Santo (Jo 14.16-17 e 16.7-10), a clara distinção entre o Pai e o Filho (Jo 5.19-47 e 14.1-16) e o plano da redenção da humanidade (Jo 3.16 e 17.4-5). Atentemos para a verdadeira voz da verdade, a do Bom Pastor: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10.17).


Pastores e cantores, por falta de vigilância ou movidos por interesses pessoais, estão se prendendo a jugos desiguais com os infiéis, deixando-se enganar pelo ecumenismo religioso. A maior emissora de televisão do Brasil — que sempre estereotipou e ridicularizou os evangélicos — descobriu que nem todos os cristãos são “extremistas” e “fanáticos”. Há um grupo de celebridades gospel que não tem coragem de dizer clara e objetivamente que o Senhor Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5 e At 4.12).


Em um programa dominical, certa “pastora” resolveu tripudiar sobre os seus “inimigos”, rodopiando com baianas e cantando com sambistas no ritmo das religiões afro-brasileiras. Enquanto ela dançava, a apresentadora, seus convidados e a plateia riam sem parar, numa grande celebração. Que tipo de evangelho “agradável” e “inclusivo” é esse? Lembrei-me imediatamente do que o Senhor Jesus disse, em Mateus 5.11-12: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas por minha causa”.


Há poucos dias, uma conhecida cantora gospel admitiu, de modo tácito, que o sincretismo religioso é aceitável. Ao concordar com a seguinte frase, dita por um famoso apresentador: “O Caldeirão é uma mistura de religiões”, ela respondeu: “Tem espaço pra todo mundo”. E o pior: depois, escreveu nas redes sociais que se sentiu como Paulo no Areópago... Ora, esse apóstolo não pregou a convivência ecumênica nem apresentou uma mensagem que os atenienses queriam ouvir. Ele disse o que todos precisavam ouvir. Ao chegar a Atenas, “o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (At 17.16). Já a aludida celebridade, deslumbrada, estava sorridente e saltitante.


Tenho visto muitos incautos felizes pelo fato de celebridades gospel estarem aparecendo na televisão. Mas não nos iludamos, pois a porta não foi aberta para o Evangelho. O que existe, na verdade, é um projeto ecumênico em andamento, o qual visa a enfraquecer a pregação de que o Senhor Jesus é o único Salvador. Tais celebridades — certamente, orientadas a não falar claramente da salvação em Cristo — têm empregado bordões antropocêntricos, que massageiam o ego das pessoas. Elas não têm a coragem de confrontar o pecado. E apresentam um evangelho light, agradável, apaziguador, simpático, suave, aberto ao ecumenismo.


O que está escrito em 1Coríntios 16.9? “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu, e há muitos adversários”. Quando Deus verdadeiramente abre-nos a porta da pregação do Evangelho, como a abriu para o apóstolo Paulo, os adversários — Satanás, os demônios e todos os seus emissários — se voltam contra nós. Mas a mídia está aplaudindo de pé esse “outro evangelho” aberto à convivência ecumênica. Preguemos, pois, como Paulo, nesse mundo, que é um grande caldeirão religioso: “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (At 17.30).

Ciro Sanches Zibordi

É bom ser do bem?


Desde 2006, existe uma campanha no Brasil denominada “É bom ser do bem”, que começou tímida, por meio da iniciativa de poucas pessoas, e agora conta com o apoio de empresas e artistas.

O leitor já deve ter visto adesivos, camisetas e até tatuagens com a frase citada. Ela tem como objetivo difundir a ideia de que vale a pena ser altruísta, honesto, educado, respeitador, paciente, equilibrado, etc. Considero essa campanha nobre, mas, a cada dia, me decepciono com a hipocrisia dos cidadãos brasileiros, sobretudo os de boa formação, bem-sucedidos profissional e financeiramente, os quais sabem e podem fazer o bem e não o fazem.

Lembro-me de que, há alguns anos, estava em voga colar adesivos com versículos bíblicos no vidro traseiro dos automóveis. Cidadãos brasileiros, evangélicos e não evangélicos, aderiram ao modismo, cuja mensagem era praticamente a mesma da campanha em apreço: “É bom ser do bem”. Pois é... Mas cansei de ver motoristas hipócritas dirigindo perigosamente e ostentando dizeres “do bem”, como: “O caminho de Deus é perfeito”, “A Deus tudo é possível” ou “Tudo posso naquele que me fortalece”.

Francamente, já perdi a conta das vezes em que meu carro foi fechado, ultrapassado pela direita, em alta velocidade, por carros contendo adesivos “do bem”. Ah, também tenho visto muitos cidadãos brasileiros que, ao saírem das garagens, avançam com os seus carrões sobre os pedestres, em plena calçada!

Ser do bem é colocar-se no lugar do próximo; é muito mais que colar adesivos no carro. Motorista do bem respeita o pedestre; não avança sobre ele, ao vê-lo atravessar a rua, mesmo que o tal esteja fora da faixa de pedestres. Em alguns países, especialmente na Europa, se uma pessoa aparecer no meio de uma avenida, fora da faixa, os carros param, em respeito à vida humana. Afinal, por mais que o pedestre esteja errado, não tem nenhuma proteção, ao contrário do motorista, que está seguro dentro de seu automóvel.

No Brasil, o pedestre não é respeitado nem na faixa ou na calçada. Aqui em Niterói-RJ, onde moro desde 2001, os motoristas, inclusive alguns que usam o adesivo “É bom ser do bem”, saem de suas garagens apressados e não querem nem saber se há pessoas à sua frente. Egoístas, avançam sobre idosos, mães empurrando carrinhos de bebês, estudantes, etc. Onde estão os cidadãos brasileiros do bem? E olha que estou falando de bairros nobres, como Boa Viagem, Ingá, Icaraí e São Francisco, onde residem cidadãos de boa formação e bem-sucedidas na vida, como juízes, advogados, engenheiros, médicos, etc. Têm essas pessoas, privilegiadas, abastadas, o direito de viverem irritadas e serem intolerantes, querendo passar por cima de todo o mundo?

Tenho (aliás, tinha, pois mudei de residência há alguns dias) um vizinho “do bem” que torce pelo Corinthians. Descobri isso por causa dos gritos horrorosos que ouvia nos dias de jogos, que acontecem geralmente às 22 horas. Durante as partidas, ele gritava palavrões, pulava, xingava moradores dos outros prédios, especialmente quando seu time jogava contra equipes cariocas. Ao ouvir músicas ou assistir a filmes, ele regulava o som no último volume. Certa noite, pouco depois das 22 horas, minha filha fez um pequeno barulho, ao balançar na rede. O “amável” cidadão brasileiro, sem nenhuma tolerância, ligou para a portaria e mandou avisar que gostaria de descansar. O camarada tem boa aparência, parece ter boa formação, mora bem, possui carro importado... Mas é um “perfeito” estúpido e egoísta. E é esse tipo de gente que se considera do bem!

Além de “É bom ser do bem”, a campanha em apreço utiliza outras frases de efeito, como: “Não corra, não morra”, “Se beber, não dirija”, “Seja luz, independente de religião, fé ou crença”, “O palmeirense ou o corintiano ao lado não é seu inimigo”. Blá, blá, blá... Desculpe-me! Estou cansado da hipocrisia da sociedade brasileira. Falar que é do bem é fácil. Onde está a mudança de atitude desse pessoal que gosta de colar adesivos, usar camisetas e até fazer tatuagens “do bem”?

Outra frase de efeito da campanha é “Valorize as pessoas”. Mas valorizar pessoas não é fazer o bem apenas à nossa família ou aos nossos amigos. Para que haja mudança significativa na sociedade, temos de valorizar o próximo. Você é capaz de fazer isso, prezado leitor? Consegue se preocupar com pessoas que não fazem parte do seu mundo? Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, ensinou que devemos amar, inclusive, os nossos inimigos e fazer o bem àqueles que nos aborrecem (Lc 6.27,28). Isso, sim, é ser do bem!

Veja mais uma frase de efeito da campanha “do bem”: “Invista sua energia em uma causa nobre”. O objetivo dos seus propagadores é induzir pessoas a usarem a sua energia no que é relevante, evitando “brigas, discussões ou impasses bobos”. Excelente! Mas, a cada dia, o que vemos é hipocrisia e egoísmo. Quanto mais ganham dinheiro e prosperam, as pessoas se tornam mais irritadas, amargas, egocêntricas, capazes de brigar por motivos banais.

Lembro-me de que, há alguns anos, ao chegar, alegre, com a minha família, à Feira da Gestante e do Bebê, no Riocentro, no Rio de Janeiro-RJ, fui chamado para a briga por uma pessoa “do bem”. No estacionamento da feira, um veículo (um bom veículo) me ultrapassou em alta velocidade e, depois, mais adiante, cruzou à minha frente. Fiquei assustado e comentei com a minha esposa: “Que absurdo”. Minutos depois, ainda procurando uma vaga, o mesmo carrão cruzou à minha frente em alta velocidade e quase bateu em meu automóvel. Minha reação foi a de buzinar prolongadamente. Quase não uso buzina, porém agi por impulso ante a imprudência e a irresponsabilidade do motorista agressor.

Ao estacionar, coloquei minha filha sobre os ombros – à época, ela devia ter uns 2 anos de idade – e seguimos para a entrada da feira. Um casal veio em nossa direção, e o rapaz, bem vestido, que parecia ser “do bem”, musculoso, com aparência de praticante de MMA, me abordou: “Você é o dono daquele Peugeot verde?” “Sim”, respondi. Para quê? O cidadão brasileiro ordenou que eu pusesse a minha filha no chão, pois ele me encheria de p... Ops! Você sabe: o equivalente a pancadas, socos e pontapés. Graças a Deus, a outra cidadã brasileira, sua esposa, gestante, gritou: “Ele é um pai de família, seu idiota! Pare com isso”. Afastei-me, e resolvemos ir embora, a fim de evitarmos o pior. Afinal, percebi que o valentão controlara-se por pouco tempo, mas ainda poderia retomar a questão, caso me visse de novo. Minha esposa e eu resolvemos nos desviar do mal e fomos passear num shopping, bem distante dali.

Reconheço que a campanha “É bom ser do bem” é bonita, perpetrada por cidadãos brasileiros cheios de boas intenções. Eles estão de parabéns pela iniciativa. Para mim, inclusive, que sou cristão, ser do bem é um dever, haja vista o que está escrito em Gálatas 6.10: “Façamos o bem a todos”. O cristão que se preza deve andar como Jesus andou (1 Jo 2.6), e Ele andou fazendo o bem (At 10.38). Entretanto, repito: a hipocrisia da sociedade brasileira me decepciona.

Antes de colar um adesivo, vestir uma camiseta ou tatuar frases de efeito no corpo, os cidadãos brasileiros deviam refletir sobre o quanto têm sido hipócritas, egoístas e inimigos do bem, principalmente os que possuem boa formação. Não tenho nada contra a mensagem “É bom ser do bem” e outras similares. Mas só vamos mudar, efetivamente, quando pararmos de agir como se o mundo girasse em torno de nós e nos colocarmos no lugar do próximo.

Ciro Sanches Zibordi