SEJA BEM VINDO, QUE A PAZ DE CRISTO REPOUSE SOBRE A SUA VIDA.

domingo, 2 de setembro de 2012

O ladrão, em João 10.10, não é o Diabo?



É preciso ter muito cuidado com alguns ensinadores que se apresentam como propagadores de “verdades ocultas”. Eles formulam teorias esdrúxulas e argumentações incongruentes, e as apresentam como “grandes descobertas” na Internet. Ao mesmo tempo que, mediante jogo de palavras, opõem-se à inspiração plenária da Bíblia (2 Tm 3.16,17, ARA) e se mostram contrários aos ministérios eclesiásticos instituídos por Deus (Ef 4.11; 1 Co 12.28) e ao culto coletivo (Mt 18.20; At 2.46), questionam tudo o que já temos aprendido.

Será que merecem crédito esses pseudo-weberuditos que questionam as já consagradas interpretações de textos da Bíblia e os ensinamentos que ouvimos desde a nossa infância? Eu, por exemplo, cresci ouvindo que, em João 10.10, Jesus se referiu ao Diabo, ao dizer: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir”. Grandes expoentes das Assembleias de Deus afirmavam isso, como Bernhard Johnson, Eurico Bergstén e Valdir Bícego. Estavam todos eles enganados?

Há um pseudo-weberudito — ou webenganador — que anda dizendo, em vídeos no YouTube e em DVDs contendo informações aterrorizantes (as quais ele chama de jornalísticas), que o ladrão, em João 10.10, não é o Diabo. Segundo ele, o povo de Deus tem sido enganado pelos pastores mercenários que só querem as ofertas e os dízimos do povo... Apresentando-se como advogado do Diabo, em um dos vídeos que ele mesmo produz, assevera que o Senhor Jesus nada fala a respeito do Inimigo no aludido versículo. Será?

Bem, os exegetas e teólogos que se prezam sabem que a Bíblia é análoga e que ela apresenta verdades de modo denotativo e conotativo. O primeiro está ligado ao sentido literal do texto; possui vínculo direto de significação (sem sentidos derivativos ou figurados) que um nome estabelece com um objeto da realidade. Mas a conotação é diferente; ela está relacionada com o sentido que uma palavra ou coisa sugere mediante o estudo dos contextos imediato, remoto, geral, referencial, literário, histórico e cultural.

Em João 10, o Senhor Jesus apresenta verdades de modo conotativo, como o próprio contexto imediato indica: “Jesus disse-lhes esta parábola” (v.6). E Ele, metaforicamente, chamou a si mesmo de o Bom Pastor (v.11) e aos seus seguidores de ovelhas: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (v.27). Quando Ele empregou o termo “ladrão”, no singular e no plural, referiu-se a quem? Ao Diabo e aos seus agentes, sem dúvida nenhuma. Isso é ponto pacífico para quem prioriza a regra áurea da Hermenêutica: “A Bíblia interpreta a própria Bíblia”.

Depois de mencionar “ladrões” (Jo 10.1,8), o Senhor Jesus estabelece um contraste entre Ele (que veio para nos dar vida com abundância) e o ladrão (que vem para roubar, matar e destruir). Ora, quem é o maior Inimigo do Senhor Jesus? Quem é “o ladrão”, e não “um ladrão”? Quem é o principal roubador, assassino e destruidor, oponente daquEle que veio para nos dar a vida eterna, à luz da analogia geral da Bíblia? Indubitavelmente, é o Diabo.

Portanto, você que é pregador, ensinador, articulista ou escritor, não dê ouvidos a esses webenganadores de plantão, que se dispõem a “reinventar a roda”. Continue afirmando, sem nenhum problema, que o ladrão, o Diabo, não vem senão a roubar, a matar e a destruir. Mas não se esqueça de dizer também que o Senhor Jesus veio para nos dar vida, e vida com abundância!


Ciro Sanches Zibordi

A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte 6)


A influência benéfica da Bíblia nas pessoas e nações

O mundo hoje é melhor devido à influência da Bíblia. Mesmo os próprios inimigos da Bíblia admitem que nenhum livro em toda história da humanidade teve tamanha influência para o bem. Eles reconhecem o seu efeito sadio na civilização. Milhões de pessoas, antes de conhecerem, amarem e obedecerem a esse Livro, eram escravos do pecado, dos vícios, da idolatria, do medo, das superstições, da feitiçaria. Eram mundanas, vaidosas, iracundas, desconfiadas etc. Mas, depois que abraçaram esse Livro, foram por ele transformadas em criaturas salvas, alegres, libertas, felizes, santificadas. Abandonaram todo o mal em que antes viviam e tornaram-se boas pessoas para a família, para a sociedade e para a pátria. Não há outro livro com o poder de influenciar e transformar beneficamente, não só indivíduos, mas regiões e nações inteiras, conduzindo-os a Deus.

Disse o grande comentador devocional da Bíblia, doutor. F. B. Meyer: “O melhor argumento em favor da Bíblia é o caráter que ela forma”.

Vejamos um pouco da condição moral de alguns povos sem a Bíblia:

1) Os gregos – Dentre os povos antigos, os gregos foram os mais cultos e doutos nas letras. Seus filósofos e literatos foram os maiores de todos os tempos. No entanto, a grande cultura grega e seus livros sem conta nunca detiveram a onda de licenciosidade, impureza e idolatria que sempre prevaleceu no mundo grego. Em Corinto, por exemplo, havia, no templo de Vênus, mil mulheres devotas que traziam ao seu tesouro os lucros de sua impureza. Sócrates fazia da moral o assunto único da sua filosofia e, mesmo assim, recomendava a adivinhação, e ele próprio se entregava à fornicação. Platão, o grande discípulo de Sócrates, ensinava que mentir era coisa honrosa. A sabedoria deles e seus milhares de livros não os conduziram à salvação desses e de outros males. Platão e Sócrates também foram homossexuais ativos, como relata o historiador romano Suetônio.

2) Os romanos – Foram mais famosos como legisladores, guerreiros, oradores e poetas. Sua legislação, em parte, era boa, porque em parte veio de Moisés (o maior legislador). Muitas das leis brasileiras vêm das leis portuguesas, que, por sua vez, vieram das romanas, hauridas, como já dissemos, do Pentateuco. No entanto, o padrão dos costumes e da moral foi dos mais baixos em Roma, como bem registra a História. Mesmo entre as famílias abastadas, civilizadas e regularmente construídas, as descobertas arqueológicas, gravuras e descrições revelam fatos que o recato proíbe enumerar. Cícero, o maior orador romano, um espécime de excelência dentre os romanos, defende a fornicação e a recomenda, e, por fim, pratica o suicídio. Catão, o Censor, tido como o mais perfeito modelo de virtude, foi réu da prostituição e embriaguez, advogou e, mais tarde, praticou o suicídio.

Júlio César tinha encontros amorosos com o rei Nicomedes da Bitínia. O imperador Calígula (37-41dC) viveu amasiado com sua irmã Drusila (conta Suetônio). Nero, o famigerado imperador romano, viveu com sua irmã Agripina. Viveu depois amasiado com dois eunucos, o primeiro chamado Sporus e o segundo, Doríphorus (relata Suetônio). Messalina, a imperatriz, esposa de Cláudio, imperador de 41dC a 54dC, foi extremamente depravada (registra Juvenal).

Se era assim entre a classe alta, o que não acontecia na classe baixa?

É somente a Bíblia que nos faz ser diferentes desses povos. Sem ela, nós nos tornaríamos semelhantes a eles. O nosso mundo orgulha-se hoje de ter atingido os píncaros do saber e de haver produzido os mais importantes e melhores livros, entretanto a onda de pecado e mal avassala a humanidade como um rolo compressor. Comparemos tudo isso com o caráter, a formação, a personalidade ideal dos verdadeiros seguidores da Bíblia!

Todo homem que vive a Bíblia, pautando sua vida pelos seus santos ensinos, também ama a Deus e vive para Ele. Por outro lado, todos os que se opõem à Bíblia e rejeitam sua autoria divina, vivem para si mesmos; são obstinados, cruéis, desumanos, instáveis, prepotentes; ímpios, acima de tudo. Em suma, quanto mais o homem crê em Deus, mais aproxima-se da Bíblia. É como disse certa senhora crente a um moço, nos Estados Unidos: “Este livro te guardará do pecado ou o pecado te guardará deste livro”.

Quanto à educação, não há filosofia educacional segura se não for alicerçada sobre os ensinos fundamentais da Bíblia. A educação moderna reconhece que a formação do caráter é a suprema finalidade de seu trabalho, mas isso não irá longe, a menos que se reconheça que a única base do verdadeiro caráter é a Bíblia. Fé na Bíblia é a maior força de qualquer moço ou moça na prossecução da vida e da carreira educacional. A mocidade precisa saber disso. A tragédia é que, professores aos milhares em todo o mundo, saturados e narcotizados por falsa dialética e filosofia vil, desencaminham os jovens, desde a mais tenra idade.

A Bíblia é o livro mais maravilhoso do mundo e seus ensinos tão simples, e ao mesmo tempo profundos, servirão de guia para uma vida mais feliz e mais bem sucedida, sendo sempre a base segura e única para encontrarmos o nosso Criador na eternidade.

Considerando tudo que acabamos de dizer quanto à influência poderosa da Bíblia e seu poder transformador, evidenciado tanto nos indivíduos como em nações inteiras, perguntamos: “De onde vem tal livro, senão de Deus?”



A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte 5)


O cumprimento fiel das profecias bíblicas

O Antigo Testamento é um livro de profecias (Mt 11.13). O Novo Testamento, em grande parte, também o é. Referimo-nos aqui, evidentemente, às profecias no sentido preditivo. Há, no Antigo Testamento, duas classes dessas profecias: as literais e as expressas por tipos e símbolos. Destas há inúmeras no Tabernáculo (Hb 10.8).

Muitas profecias da Bíblia já se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total. Muitas outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras ainda se cumprirão no final. As profecias sobre o Messias, proferidas  séculos antes de seu nascimento, cumpriram-se literalmente e com toda precisão quanto ao tempo, local e outros detalhes. Por exemplo: Gênesis 49.10; Salmos 22; Isaías 7.14; Isaías 53 (todo); Daniel 9.24-26; Miquéias 5.2; Zacarias 9.9 etc.

Outro ponto saliente nas profecias bíblicas é o referente à nação israelita. A Bíblia prediz sua dispersão, seu retorno, sua restauração e seu progresso material e espiritual. Exemplos: Levítico 26.14,32-33; Deuteronômio 4.25-27; 28.15,64; Isaías 60.9; 61.6; 66.8; Jeremias 23.3; 30.3; Ezequiel 11.17; 36; 37.

Em Ezequiel 37, está uma das mais claras profecias sobre o despertamento nacional e espiritual do povo israelista. O cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos olhos. Há inúmeros outros casos de famosas profecias bíblicas. Deus chamou Ciro, o monarca persa, pelo nome através do profeta Isaías cerca de 150 antes do seu nascimento! (Is 44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300 anos antes do seu nascimento (1Rs 13.2 e 2Rs 23.15-18.) Os últimos quatro impérios mundiais – Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma – são admiravelmente descritos muitos anos antes de eles surgirem no horizonte do cenário mundial (Dn 2 e 7). Também, com uma precisão incrível, a história de toda a humanidade é descrita em forma profética (isto é, a história no sentido natural) em Gênesis 9.25-27.

O cumprimento contínuo das profecias da Bíblia é uma prova de sua origem divina. O que Deus disse sucederá (Jr 1.12). Graças a Deus por tão sublime e glorioso Livro!

No próximo artigo, falaremos sobre a influência benéfica da Bíblia sobre as pessoas e nações.



A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte IV)


A aprovação da Bíblia por Jesus e o testemunho do Espírito no crente

Inúmeras pessoas sabem quem é Jesus. Crêem que Ele fez milagres, crêem em sua ressurreição e ascenção, mas.... não crêem na Bíblia! Essas pessoas precisam conhecer a atitude e a posição de Jesus em relação à Bíblia. Ele leu-a (Lc 4.16-20), ensinou-a (Lc 24.27), chamou-a “a Palavra de Deus” (Mc 7.13) e cumpriu-a (Lc 24.44).

A última referência citada (Lc 24.44) é muito maravilhosa, porque aí Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento, pois Lei, Salmos e Profetas eram as três divisões da Bíblia nos dias do Novo Testamento.

Jesus também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17), viveu e procedeu em conformidade com elas (Lc 18.31) e declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12.35,36). No deserto, ao derrotar o grande inimigo, fê-lo com a Palavra de Deus (Dt 6.13,16; 8.3).

Aproveitando, uma nota: O título “Sagradas Escrituras” ou “Escrituras” pode vir no plural ou no singular, porém sempre com a letra maiúscula. Exemplos no plural: Mateus 21.42; Lucas 24.32; João 5.39. No singular e letras minúsculas, refere-se a uma passagem particular: Marcos 12.10; Lucas 4.21 e Atos 1.16 (são todas no ARC; a ARA põe tudo em maiúsculas). “Sagradas Escrituras” ou “a Sagrada Escritura” é o nome sagrado da revelação divina, assim como “Testamento” é o seu nome de compromisso e “Bíblia”, seu nome como livro.

Bem, Jesus aprovou o Antigo Testamento. Mas e o Novo?

Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor Jesus, antecipadamente, pôs o selo de sua aprovação divina ao declarar: “O Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas, e vos fará tudo quanto vos tenho dito”. Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas a do Espírito Santo. No mesmo Evangelho (Jo 16.13-14), o Senhor disse ainda que o Espírito Santo  os guiaria em “toda a verdade”. Portanto, no Novo Testamento temos a essência da revelação divina. No versículo 12 do citado capítulo, Jesus mostrou que seu ensino aqui  foi parcial, devido á fraqueza dos discípulos, mas ao mesmo tempo declarou que o ensino deles, sob a ação do Espírito Santo, seria completo e abrangeria toda a esfera da verdade divina.

Diante de tudo que acabamos de dizer, quem aceita a autoridade de Cristo, aceita também as Escrituras como de origem divina, tendo em vista o testemunho que delas dá o Senhor Jesus.
 
Testemunho do Espírito no crente
 
Em cada pessoa que aceita Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe em sua alma a certeza quanto à autoridade da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita Jesus aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar. Em João 7.17, o Senhor Jesus mostra como podemos ter dentro de nós o testemunho do Espírito Santo quanto à autoridade divina da Bíblia: “Se alguém quiser fazer a vontade de Deus...”. Assim como o Espírito Santo testifica que nós, os crentes, somos filhos de Deus (Rm 8.16), testifica-nos também que a Bíblia é a mensagem de Deus para nós mesmos.

Esse testemunho do Espírito Santo no interior do crente, no tocante às Escrituras, é superior a todos os argumentos humanos. É aqui que labora em erro a Igreja Católica Romana, ao afirmar que, para se crer na origem divina da Bíblia, é preciso decisão da referida igreja, como se a verdade de Deus dependesse da opinião de homens, como bem o disse o teólogo e reformador Calvino.

No próximo artigo, falaremos sobre o cumprimento fiel das profecias bíblicas.



A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte III)


A perfeita harmonia e unidade das Sagradas Escrituras

A existência da Bíblia até os nossos dias só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens, na maior parte dos casos, não se conheceram. Viveram em lugares distantes de três continentes e escrevendo em duas línguas principais. Devido a essas circunstâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam do que já havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, séculos depois, um outro completava-o com tanta riqueza de detalhes que somente um livro vindo de Deus podia ser assim. Uma obra humana, em tais circunstâncias, seria uma babel indecifrável!

Consideremos alguns pormenores dessa harmonia.

1) Os escritores – Foram homens de todas as atividades da vida humana, daí a diversidade de estilos encontrados na Bíblia. Moisés foi príncipe e legislador, além de general; Josué foi um grande comandante; Davi e Salomão, reis e poetas; Isaías, estadista e profeta; Daniel, chefe de Estado; Pedro, Tiago e João, pescadores; Zacarias e Jeremias, sacerdotes e profetas; Amós era homem do campo e cuidava do gado; Mateus, funcionário público; Paulo, teólogo e erudito, e assim por diante. Apesar de toda essa diversidade, quando examinamos os escritos desses homens, sob tantos estilos diferentes, verificamos que eles se completam, tratando de um só assunto! O produto da pena de cada um deles não gerou muitos livros, mas um só livro, poderoso e coerente!



2) As condições – Não houve uniformidade de condições na composição dos livros da Bíblia. Uns foram escritos na cidade, outros no campo, no palácio, em ilhas, em prisões e no deserto. Moisés escreveu o Pentateuco nas solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e sujidade da masmorra. Davi, nas verdes colinas dos campos. Paulo escreveu muitas de suas epístolas nas prisões. João, no exílio, na Ilha de Patmos. Apesar de tantas diferentes condições, a mensagem da Bíblia é sempre única. O pensamento de Deus corre uniforme e progressivo através dela, como um rio que, brotando de sua nascente, vai engrossando e aumentando suas águas até tornar-se caudaloso. A mensagem da Bíblia tem essa continuidade maravilhosa!

3) Circunstâncias – As circunstâncias em que os 66 livros foram escritos também são as mais diversas. Davi, por exemplo, escreveu certas partes de seus trabalhos no calor das batalhas; Salomão, na calma da paz. Há profetas que escreveram em meio à profunda tristeza, ao passo que Josué escreveu boa parte de seu livro durante a alegria da vitória. Apesar da pluralidade de condições, a Bíblia apresenta um só sistema de doutrinas, uma só mensagem de amor, um só meio de salvação. De Gênesis a Apocalipse, há uma só revelação, um só pensamento, um só propósito.

4) A razão dessa harmonia e unidade – Se a Bíblia fosse um livro puramente humano, sua composição seria inexplicável. Suponhamos que 40 dos melhores escritores atuais, providos de todo o necessário, fossem isolados uns dos outros, em situações diferentes, cada um com a missão de escrever uma obra sua. Se no final reuníssemos todas as obras, jamais teríamos um conjunto uniforme. Seria a pior miscelânea imaginável! Imagine, então, isso acontecendo nos antigos tempos em que a velha Bíblia foi escrita... A confusão seria muito maior! Não havia meios de comunicação como hoje, nem facilidades materiais, mas dificuldades de toda a sorte. Imagine o que seria a Bíblia se não fosse a mão de Deus!

Não há na Bíblia contradição doutrinária, histórica ou científica. Uma coisa maravilhosa é que essa unidade não jaz apenas na superfície. Quanto mais profundo for o estudo das Sagradas Escrituras, tanto mais ela aparecerá. Há, é certo, na Bíblia, aparentes contradições. Seus inimigos sustentam haver erros nela em grande quantidade. Mas o que acontece é que, estando alguém com uma trave no olho, sua visão fica deformada. Um espírito farisaico, ceticista e orgulhoso sempre achará falhas na Bíblia, porque já se dirige a ela com idéias preconcebidas e falsas.

Há uma história interessante de uma senhora que estava falando das roupas amarelas que sua vizinha punha a secar no varal, porém, na semana seguinte, lavando ela sua vidraça e olhando para fora, disse: “A vizinha mudou muito. Suas roupas estão alvas agora”. Mas era sua vidraça que estava suja! A diferença estava aí.

Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda. Falsa aplicação aos sentidos do texto etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um trecho discrepante, erramos ao pensarmos rapidamente que é um erro. Saibamos refletir como Agostinho, que disse: “Num caso desses, deve haver erro do copista, tradução mal feita do original ou então sou eu mesmo que não consigo entender”. Seguindo esse critério para estudar as aparentes discrepâncias, você verá que nunca encontrara erros de fato nas Sagradas Escrituras.

Quanto à unidade física da Bíblia, ninguém sabe ao certo como os 66 livros se encontraram e se agruparam num só volume. Isso foi obra de Deus! Sabemos que os escritores não escreveram os 66 livros de uma vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo de reuni-los num só volume, mas em intervalos, durante 16 séculos e em lugares que vão da Babilônia a Roma!

Reiteramos, portanto, que a perfeita harmonia desse livro é, para a mente humilde e sincera, uma prova incontestável de sua origem divina. É uma prova de que uma única mente via tudo e guiava os escritores.

Suponhamos que, na cidade onde moramos, um edifício fosse ser construído com pedras a serem preparadas em várias partes do Brasil. Chegadas as pedras, ao serem colocadas, encaixavam-se perfeitamente na construção, satisfazendo todos os detalhes e requisitos da planta. Que diria você se tal fato acontecesse? Que apenas um arquiteto dirigira os operários nas diversas pedreiras, dando minuciosas instruções a cada um deles. É o caso da Bíblia, o templo da verdade de Deus. As “pedras” foram preparadas em tempos e lugares remotos, mas, ao serem postas juntas, combinaram-se perfeitamente, porque atrás de cada elemento humano estava em operação a mente infinita de Deus.

No próximo artigo, falaremos sobre a relação de Jesus com as Escrituras.

Pr. Antônio Gilberto  http://www.cpadnews.com.br/blog/antoniogilberto/

A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte II)


A inspiração plenária e verbal, e a diferença entre inspiração e revelação

A inspiração da Bíblia é, na verdade, uma inspiração plenária ou verbal. Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas, que os escritores não funcionaram quais máquinas inconscientes, que houve cooperação vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência tão poderosa do Espírito Santo que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Explicar como Deus agiu no homem é difícil. Se, no ser humano, o entrosamento do espírito com o corpo é um mistério inexplicável para os mais sábios, imagine o entrosamento do Espírito de Deus com o espírito do homem!

Ao aceitarmos Jesus como Salvador, aceitamos também a sua Palavra. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo testamento. Depois disso, nem os mesmos escritores, nem qualquer servo de Deus, pode ser chamado de inspirado no mesmo sentido.
 
Diferença entre inspiração e revelação
 
Revelação é a cão de Deus pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas, o que o homem, por si só, não podia saber. Exemplos: Daniel 12.8 e 1Pedro 1.10-11. Quanto à inspiração, ela nem sempre implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas nem toda ela foi dada por revelação. Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos já conhecidos e escrever o Evangelho que traz o seu nome (Lc 1.1-4). O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara, como relata o Pentateuco.

Exemplos de partes da Bíblia que foram dadas por revelações:

1) Os primeiros capítulos de Gênesis – Como Moisés escreveria sobre um assunto tão anterior a si mesmo? Se não foi revelação, deve ter lançado mão de escritos já existentes. Há uma antiga tradição hebraica que declara isso.

2) José interpretando os sonhos de Faraó (Gn 40.8; 41.15-16,38-39).

3) Daniel declarando ao rei Nabucodonozor o sonho que este havia esquecido e, em seguida, interpretando-o (Dn 2.2-7,19,28-30).

4) Os escritos do apóstolo Paulo – Ora, Paulo não andou com o Senhor Jesus. Ele creu por volta do ano 35dC, porém, em suas epístolas, conduz-nos a profundezas de ensino doutrinário sobre a Igreja, inclusive no que tange à Escatologia. Assuntos de primeira grandeza sobre Regeneração, Justificação, Paracletologia, Ressurreição, Glorificação etc são abordados por ele. Como teve Paulo conhecimento de tudo isso? Ele mesmo no-lo diz em Gálatas 1.11-12 e Efésios 3.3-7: por revelação. Nos seus escritos, há passagens onde essa revelação é bem patente, como em 1Coríntios 11.23-26, onde ele diz: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...”. Por sua vez, o capítulo 15 de 1Coríntios, também por ele escrito, é a passagem mais profunda e completa da Bíblia sobre a ressurreição.

No próximo artigo, falaremos sobre a perfeita harmonia e unidade da Bíblia. 







A Bíblia é a Palavra de Deus (Parte I)



A inspiração, a origem e a perfeição das Sagradas Escrituras

O estudo de Bíblia tem por finalidade precípua o conhecimento de Deus. Isso é visto desde o primeiro versículo dela, do qual se nota que tudo tem o seu centro em Deus. Portanto, a causa motivante de ensinar a Bíblia aos outros deve ser a de levá-los a conhecer a Deus. Se chegarmos a conhecer a o Livro e falharmos em conhecer a Deus, erramos no nosso propósito e também o propósito de Deus por meio do seu Livro seria baldado.

O presente século é caracterizado por ceticismo, racionalismo, materialismo e outros “ismos” sem conta. A Bíblia, em meio a tais sistemas, sempre sofre grandes ameaças. Até há pouco tempo, a luta do Diabo visava a destruir o próprio Livro, mas vendo que não conseguia isso, mudou de tática e agora procura perverter a mensagem do Livro. Seitas e doutrinas falsas proliferam por toda a parte, coadjuvadas pelo fanatismo e ignorância prevalecentes em muitos lugares. Nossa crença na Bíblia deve ser convicta, sólida e fundamental; não deve ser jamais um eco ou reflexo de outros. Se alguém lhe perguntar “Por que você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus?”, saberá você responder adequadamente? Muitos crentes têm a crença na Bíblia desde infância, através dos pais etc, mas nunca fizeram um estudo profundo e acurado para verificarem a realidade da origem divina da Bíblia, as quais evidenciam esse Livro como a Palavra de Deus.

A inspiração divina

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada “a Palavra de Deus”. Que vem a ser “inspiração divina?” Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração.

No sentido fisiológico, é a inspiração do ar para dento dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos fôlego para falar.  Daí o ditado “falar é fôlego”. Quando estamos falando, o ar é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem, Deus, para falar a sua palavra aos escritores bíblicos, inspirou neles o seu Espírito. Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo como um sopro sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro.

A próxima Bíblia reivindicada a si a inspiração de Deus, pois a expressão “Assim diz o Senhor”, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2,6 mil vezes nos seus 66 livros. Isso além de outras expressões equivalentes. Foi o Espírito de Deus que falou por meio dos escritores bíblicos (2Cr 20.14; 24.20; Ez 11.5). Deus mesmo dá testemunho da sua Palavra (Sl 78.1; Is 51.15-16 e Zc 7.9,12). Os escritores bíblicos, por sua vez, evidenciam ter inspiração divina (2Rs 17.13; Ne 9.30; Hb 1.1-2 e 2Pd 3.2).

Teorias falsas da inspiração

Quanto à inspiração da Bíblia, há várias teorias falsas que o estudante não deve ignorar. Umas são muito antigas, outras bem recentes. Em algumas delas, para maior confusão, a verdade vem junto com o erro, e muitos se deixam enganar. Vejamos as principais teorias falsas da inspiração da Bíblia.

1) A teoria da inspiração natural, humana – Essa teoria ensina que a Bíblia foi apenas escrita por homens dotados de gênio e força intelectual especiais, como Milton, Sócrates, Shakespeare, Camões, Rui Barbosa e inúmeros outros. Isso nega o sobrenatural. Os escritores da Bíblia reivindicam que era Deus quem falava através deles (2Sm 23.2 c/c At 1.16; Jr 1.9 c/c Ed 1.1; Ez 3.16-17; At 28.25 etc).

2) A teoria da inspiração divina comum – Ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos, andamos em comunhão com Deus etc. Isso é errado, porque a inspiração comum que o Espírito nos condece admite gradação, isto é, o Espírito Santo pode conceder maior conhecimento e percepção espiritual ao crente à medida que este ore, se consagre e procure santificação, ao passo que a inspiração dos escritores da Bíblia não admite graus. O escritor era ou não era plenamente inspirado. Em segundo lugar, a inspiração comum pode ser permanente (1Jo 2.27), ao passo que a dos escritores da Bíblia era temporária. Centenas de vezes encontramos esta expressão dos profetas: “E veio a mim a Palavra do Senhor”, indicando o momento em que Deus os tomava para transmitir a sua mensagem.

3) A teoria da inspiração parcial – Ensina que algumas partes da Bíblia são inspiradas, e outras não; que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus. Se essa teoria fosse verdadeira, estaríamos em grande confusão, porque quem poderia dizer quais as partes inspiradas e quais as não-inspiradas? A própria Bíblia refuta essa teoria em 2Timóteo 3.16. Também em Marcos 7.13 o Senhor aplicou o termo “a Palavra de Deus” a todo o Antigo Testamento. Quanto ao Novo Testamento, podemos ver, por exemplo, João 16.12 e Apocalipse 22.18-19.

4) A teoria do ditado verbal – Ensina a inspiração da Bíblia só quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade e estilo do escritor, o que é patente em cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos (Lc 1.4). Essa falsa teoria faz dos escritores verdadeiras máquinas que escreveram sem qualquer noção de mente e raciocínio. Deus não falou pelos escritores como quem fala por um alto-falante. Deus usou as faculdades mentais deles.

5) A teoria da inspiração das idéias – Ensina que Deus inspirou as idéias da Bíblia, mas não as suas palavras; estas teriam ficado a cargo dos escritores. Ora, o que é “palavra”, na definição mais sumária, senão “a expressão do pensamento”? Tente agora mesmo o leitor formar uma idéia sem palavras... Impossível! Uma idéia ou pensamento inspirado só pode ser expresso por palavras inspiradas. Ninguém há que possa separar a palavra da idéia. A inspiração da Bíblia não foi somente “pensada”, mas também “falada”. Veja a palavra “falar” em 1Coríntios 2.13; Hebreus 1.1 e 2Pedro 1.21. Isto é, as palavras foram também inspiradas (Ap 22.19). De um modo muito maravilhoso, vemos a inspiração das palavras da Bíblia, não só no emprego da palavra exata, mas também na ordem em que elas são empregadas (no original, é claro). Apenas três exemplos: Jó 37.9 e 38.19 (a palavra precisa), e 1Coríntios 6.11 (ordem das palavras no seu emprego).

Na semana que vem, falaremos sobre a inspiração plenária e verbal, e acerca da diferença entre inspiração e revelação.

Acharam a “partícula de Deus”. E agora? — Parte 1



Cientistas anunciaram ontem que podem finalmente ter encontrado o bóson de Higgs. Caso se confirme a hipótese, o que de fato muda?
Com merecida empolgação, no dia de ontem, durante a conferência de física de alta energia que ocorre em Melbourne (Austrália), cientistas anunciaram que após anos de pesquisa e sucessivas experiências, encontraram durante as colisões do LHC — o gigantesco acelerador de partículas situado em Genebra — um elemento nunca antes observado, o qual, com mediana margem de certeza e pouquíssima de erro (segundo eles, uma em três milhões é a chance de estarem errados) pode ser o bóson de Higgs. Apesar de a mídia informar os achados científicos, na maioria das vezes os anúncios passam despercebidos, pois o grande público não inteirado acerca do assunto acaba não se interessando. Para que o mesmo não aconteça por aqui, mesmo ciente de que há muita informação na grande rede, arrisco-me a apresentar algumas linhas sobre o tema. Muito antes de tornar-se moda falar em LHC, lembro-me quando li pela primeira vez sobre ele em 2001, na obra O universo numa casca de noz, de Stephen Hawking. À época, Hawking informou que os Estados Unidos planejavam construir um acelerador de partículas que se chamaria “SSC (Superconducting Super Collider, Supercolisor Supercondutor)”, mas que, em 1994, apesar de a máquina estar semiconstruída, a nação americana abortou o empreendimento numa ação que o cientista classificou como “um surto de complexo de pobreza” (p.199). Ele, porém, acrescentou que outros “aceleradores de partículas, como LHC (Large Hadron Collider, Grande Acelerador de Hádrons), em Genebra, estão agora sendo construídos” (p.200). Além disso, em 2008, quando se tornou chique falar sobre acelerador de partícula, escrevi um longo artigo tratando do tema fé e ciência e então fiz uma breve consideração acerca das primeiras experiências com o LHC. Antes, porém, de falar do bóson de Higgs propriamente dito, é preciso fazer uma digressão histórica.  
Há exatos sessenta anos, um grupo de cientistas, apoiado sobre as sucessivas descobertas dos séculos anteriores (lembremos: até para se contestar é preciso haver paradigmas que sirvam de “base”), propôs uma teoria que contrapunha o modelo de física até então em vigência. Fico a imaginar o impacto sofrido pelos crentes que, ao abrirem os periódicos da época deparavam-se com matérias cujos títulos diziam algo como: “No início era um átomo...” e, como subtítulo: “Um grupo de físicos afirma saber como teria sido o Dia da Criação. Para eles, o Universo não surgiu de um ato divino, mas de uma explosão, o Big Bang” (considerando o que a historiografia pentecostal nos conta desse período, é provável que os meus pares tenham, no máximo, “ouvido falar” do assunto). Em comemoração aos sessenta anos da editora Globo, a revista Época, em sua edição histórica (4 de junho de 2012, n° 733, pp.64-5.) trouxe a referida matéria assinada por Pedro de Luna. O grupo de cientistas responsável pela mudança de perspectiva que revolucionou a física clássica é formado por três estudiosos, sendo os dois primeiros muito populares: Edwin Hubble (1889-1953), Albert Einstein (1879-1955) e George Gamow (1904-1968). O que mudou a partir das descobertas desses cientistas? Bem, para ser simplista, porém direto: Eles, basicamente, criaram uma “nova física”. 

A despeito da importância das descobertas daquele momento histórico (só mais bem valorizadas posteriormente), assim como em outras épocas, a sociedade do século passado também era multifacetada, principalmente em torno das questões científicas, tendo espaço para ceticismo (filosófico e de senso comum), indiferença, desconhecimento e dúvidas sérias. O que a geração do início do século 21 precisa entender é que nós, definitivamente, não inauguramos o mundo e, provavelmente, não iremos “encerrá-lo”. Somos finitos e transitórios demais para exaurir o universo. A sensação de ter desvendado alguns mistérios e de, talvez, ter chegado ao “fim” (a propósito, fim de quê mesmo?), não é exclusividade nossa, porém, a sobriedade e o bom senso são recomendáveis em tempos de novas descobertas. A historiografia está repleta de exemplos.
No século 19, Joseph Bertrand, um dos maiores matemáticos e geômetras da França, em sua obra Os fundadores da astronomia moderna (publicada pela primeira vez em 1865), apesar de reconhecer que a astronomia, a física e, por extensão, até mesmo todo o pensamento científico, nunca mais serão os mesmos após Nicolau Copérnico, Tycho Brahe, Johannes Kepler, Galileu Galilei e Isaac Newton, questiona oportunamente: “Na relação dos progressos reservados para a nossa época, não seria permitido esperar, [...], a melhora desses árduos caminhos e também explicações mais simples e mais acessíveis ao raciocínio?” (p.216). Após a pergunta retórica, o francês finaliza sua obra alinhando-se ao pensamento do matemático italiano, Joseph-Louis Lagrange, para quem uma obra dedicada a aperfeiçoar o pensamento newtoniano (“a melhora desses árduos caminhos e também explicações mais simples e mais acessíveis ao raciocínio”, p.216), “honraria tanto o nosso século [no caso, o 19] quanto o livro dos Princípios [de Sir Isaac Newton] honrou o século passado” (p.216). E conclui: “Essa obra-prima, sonhada em 1786 pelo mais ilustre sucessor de Newton [...], ainda está por ser feita em nossos dias” (p.217).  

Apesar de Lagrange, citado por Bertrand, afirmar que a obra Princípios pode ser considerada a “mais alta produção do espírito humano” (p.205), o próprio Newton não reputava o seu modelo de física como a última palavra no assunto. E, o mesmo Lagrange que elogiou o trabalho do inglês, falava sobre a necessidade de um material que tornasse os princípios matemáticos newtonianos mais palatáveis. O grupo de cientistas o qual me referi no início do texto talvez não tenha tornado a física mais acessível, porém, com certeza a revolucionou. Assim como anteriormente ocorrera com o grupo biografado por Bertrand, do qual Newton é o destaque, pois foi quem efetivamente revolucionou a física, suplantando de vez o modelo aristotélico, é preciso reconhecer Lemaître, Hubble, Gamow e outros tantos, porém, o ícone da revolução da física clássica ocorrida no século passado é, sem dúvida, Albert Einstein, por suas teorias da relatividade (especial e geral) e atômica. Os feitos copernicano, newtoniano e einsteiniano, são apenas três exemplos do que Thomas Kuhn acertadamente denomina de “troca de paradigma”. Kuhn considerava como paradigmas “as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante um tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (A Estrutura das Revoluções Científicas, p.13).

A possível descoberta do bóson de Higgs pode ser considerada uma mudança paradigmática ou uma revolução científica? À luz do pensamento kuhniano, não. A única coisa que se pode dizer é que se constatou um elemento fundamental para se confirmar a hipótese proposta na teoria do Big Bang. Mas isso, longe de ser o “fim” é para os proponentes do “átomo primordial”, apenas o “começo”. Pois, segundo o mesmo Kuhn, “nem todas as teorias são teorias paradigmáticas. Tanto nos períodos pré-paradigmáticos, como durante as crises que conduzem a mudanças em grande escala do paradigma, os cientistas costumam desenvolver muitas teorias especulativas e desarticuladas, capazes de indicar o caminho para novas descobertas. Muitas vezes, entretanto, essa descoberta não é exatamente antecipada pela hipótese especulativa e experimental. Somente depois de articularmos estreitamente a experiência e a teoria experimental pode surgir a descoberta e a teoria converter-se em paradigma” (p.88). As três revoluções já anteriormente mencionadas (copernicana, newtoniana e einsteiniana), modificaram de forma radical e completa a visão da física, fazendo com que de centro do universo, tornássemo-nos periferia; de um universo estático que seguia leis rígidas e imutáveis, descobrimo-nos em expansão, movendo-se a certa velocidade. Nessa perspectiva, mesmo que o elemento identificado nas trombadas do LHC seja o bóson de Higgs, definitivamente não estamos experimentando nenhuma revolução científica.

sábado, 1 de setembro de 2012

FABIANA ANASTÁCIO - PAI EU CONFIAREI - Bruna Karla


Fabiana Anastácio canta desde pequena e agora com uma voz de grande talento. Dia 10 de agosto de 2012, lançou seu primeiro CD, na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, na avenida Antônio Cardoso, 979, Bairro Bangu, Santo André - SP.